Normalmente, sempre fazemos uma crítica ao componente de Educação e Comunicação em Saúde que se trata de abordar sempre o campo da Comunicação, mas deixar de stand by o campo da Educação. Ambos estão intrinsecamente relacionados, mas configuram direções diferentes. Poderíamos dizer, por exemplo, que a Comunicação em Saúde está basicamente direcionada para os processos de transmissão da informação, enquanto que a Educação em Saúde está direcionada para a transmissão da informação objetivando a construção do saber. Em outras palavras, poderíamos dizer que ainda que a Educação em Saúde dependa da Comunicação, essa não necessariamente objetiva pressupostos pedagógicos. Logo, o campo da Educação em Saúde não se finda e nem se resume a compreender processos de comunicação, e precisam ser dimensionados muito além disso.
Resgatando o conteúdo que já foi abordado em componentes anteriores, sabemos o que o campo da Educação em Saúde (ES) possui uma historicidade relativamente significante. A Educação em Saúde sempre foi algo requisitado pelos profissionais de saúde e que, durante muito tempo, foi constituído de práticas autoritárias, normatizadoras e biologicistas objetivando impugnar aos indivíduos hábitos e comportamentos "saudáveis". No entanto, com o passar do anos e a chegada de novas formas pedagógicas, a Educação em Saúde foi se transformando de forma que os profissionais de saúde passaram e exercer práticas pedagógicas que objetivavam a autonomia dos indivíduos em seu autocuidado. Com isso, é possível identificar diversos variantes para Educação em Saúde tal como Educação Sanitária, Educação e Saúde, Educação para a Saúde e Educação Popular em Saúde.
Marcada inicialmente por campanhas sanitárias (Educação Sanitária) de prevenção das doenças com as caraterísticas citadas acima, a ES também foi chamada de Educação e Saúde, em que por meio ações verticais se segregava o tecnicismo da Saúde na intervenção das Doenças e os métodos pedagógicos de mudança comportamental da Educação. Assim, a Educação para a Saúde ainda hoje é utilizada como ES em que há a lógica de ensino verticalizado dos profissionais de saúde de mudanças de hábitos de vida para a população vista como ignorante. E finalmente, através da acensão de movimentos sociais tal como a Educação Popular preconizada por Paulo Freire, surge a Educação Popular em Saúde que incorporou a participação e o saber popular na atenção à saúde, dando lugar a processos educativos mais democráticos.
Como, então, capacitar os profissionais de Saúde para uma exercerem a Educação Popular em Saúde? É nesse ponto que nos referimos a Educação na Saúde, ou seja, aquela voltada para os profissionais de Saúde. Isso porque ainda que a Educação Popular seja considerada a mais efetiva para gerar mudanças significativas de autonomia do autocuidado na população, muitos profissionais aprenderam como desenvolvê-la em sua formação. Há então duas modalidades de educação no trabalho em saúde, a Continuada e a Permanente. No geral, a diferença entre elas é que a Educação Continuada "caracteriza-se por alternativas educacionais mais centradas no desenvolvimento de grupos profissionais", enquanto que a Educação Permanente "consiste em ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde objetivando a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho.
Com isso, podemos compreender a dimensão do campo da Educação em Saúde! Cabe ressaltar então a necessidade de trabalhar melhor essas concepções principalmente aquelas ligadas a Educação Popular em Saúde e as formas de Educação Continuada e Permanente na Saúde. Como então, unir esses concepções sem desconsiderar a Comunicação em Saúde? Segue adiante que poderá descobrir...
Referência:
- FALKENBERG, Mirian Benites et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 3, p. 847-852, Mar. 2014.


Nenhum comentário:
Postar um comentário