sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Um Plano para além da Comunicação em Saúde...

Percorrido um caminho até aqui, chegamos às vias de fato que é o tal Plano de Comunicação e Educação em Saúde... E ainda bem que a Educação está inclusa, ainda que o foco maior seja na Comunicação! Digo isso porque pensar a respeito desse plano não foi uma tarefa muito fácil, já que não sabia exatamente qual seria a abordagem do meu plano e por um tempo demorei a tomar uma decisão sobre a temática. A Princípio, pensei em trabalhar com alguma coisa do sistema de saúde justamente ligada ao campo da Comunicação tal como as Campanhas de Imunização, um tema um tanto quanto complexo para considerar questões de planejamento. Depois, considerei a possibilidade de trabalhar a Comunicação em Saúde para populações Vulneráveis diante do serviço de saúde como a População LGBT.

Finalmente, então, inspirado por aprendizados recentes sobre a Educação Popular em Saúde, considerei pensar a respeito da comunicação dos profissionais de Saúde em função da Educação Popular nos serviços de Atenção Básica. Logo, o que tinha em mente era realizar um Plano de Comunicação para Educação Popular como estratégia de Educação Permanente para trabalhadores das Unidades de Saúde da Família (USF). Considerei este tema pra falar justamente porque ainda hoje é possível identificar muitas profissionais de saúde exercendo Educação para a Saúde, quando já é comprovado que o método da Educação Popular é o considerado o mais eficaz para empoderar a população usuária do serviço no seu autocuidado.

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Nesse sentido, comecei a buscar referências sobre a Educação Popular no âmbito do Programa Saúde da Família (PSF), logo, encontrei muitas referências que traziam exatamente aquilo que buscava. Em termos de Comunicação, a Educação Popular em Saúde mostra-se uma excelente ferramenta pedagógica por trabalhar com o modelo dialógico, em que os profissionais de saúde problematizam as questões dos população usuária considerando sua própria realidade de vida. Dessa forma, o profissional estabelece uma relação de horizontalidade com o usuário do serviço de forma que ele próprio busca a autonomia no seu processo saúde-doença-cuidado. Mas não é a maioria dos profissionais de saúde que utilizam os métodos da Educação Popular, sendo assim, faz-se necessário capacitar esses trabalhadores com esse objetivo.

Eis então que (empiricamente) planejei uma espécie de minicurso para trabalhadores de USF composto de oficinas que trazem atividades para aprendizagem da Educação Popular. Cada oficina tem o foco distinto para a mesma finalidade, sensibilizar os trabalhadores do PSF para o exercício da Comunicação Dialógica/Educação Popular no serviço de Saúde:
  1. OFICINA – EDUCAÇÃO EM SAÚDE: Quais as vantagens de entender sobre a Comunicação para o desenvolvimento da Educação em Saúde?
  2. OFICINA – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR: como estabelecer diálogos pertinentes com as classes populares?
  3. OFICINA – ESTABELECENDO COMUNICAÇÃO DIALÓGICA: como estabelecer diálogos pertinentes com as classes populares?
  4. OFICINA – CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DO CONHECIMENTO: como é possível constituir instruir as pessoas de forma que elas assimilem o autocuidado?
  5. OFICINA – A REDE DE CUIDADO NA ATENÇÃO BÁSICA E A EDUCAÇÃO POPULAR: como trabalhar práticas educativas com populações específicas?
Pode parecer até meio clichê, visto que a os cursos de Educação Popular no SUS já são conhecidos por muitos profissionais de Saúde, porém, não sei até que ponto isso é desenvolvido na lógica da Educação Permanente e no âmbito do PSF. Mas enfim... apesar de ser algo planejado de forma empírica para contemplar a avaliação do componente de Educação e Comunicação em Saúde III, acredito que trabalhar com essa temática seja algo que precisamos amadurecer na graduação em Saúde Coletiva. Sanitarista também deve ser Educador Popular em potencial!!!

AbraSUS e até a próxima! (Espero que não! #Brincadeira) #CambioDesligo

Quais estratégias para Comunicação e Educação em Saúde?

Na medida em que avançamos para pensar o tal Plano de Comunicação e Educação em Saúde, esbarramos na seguinte questão: quais estratégias que poderíamos utilizar para estabelecer essa interlocução com o público? Já sabemos que Comunicar (e muito menos Educar) não são tarefas fáceis, e especificamente, quando se trata do campo da Saúde é preciso considerar estratégias que atinjam o maior número de pessoas com a informação que se dessa transmitir. Podemos então trabalhar com algumas principais estratégias com essa finalidade tal como: a Mobilização Social, a Educação Comunicativa X Comunicação Educativa, as Campanhas de Saúde (propriamente ditas) e a Mídia Advocacy.

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Antes de me ater a falar de algumas dessas estratégias, vou comentar um pouco a respeito da vídeo "Tuberculose tem cura", fruto de um projeto da Profª Lígia Rangel sobre Guia de Comunicação em Saúde. O vídeo basicamente registra oficinas realizadas entre Profissionais de Saúde e pessoas da Comunidade, para tratar a respeito da comunicação sobre a Tuberculose. Sabemos que a Tuberculose, é um agravo que ainda possui muito estigma pela sociedade, apesar de terem havido diversos materiais educativos que buscavam a sua desmitificação. Mas qual seria a real dimensão desses materiais, será que eles geram algum impacto na população? As oficinas registradas trazem exatamente isso, a análise de materiais educativos sobre a Tuberculose pela pelas pessoas presentes. No geral, o interessante do vídeo foi mostrar de que as pessoas absorviam aquelas informações e quais as contribuições elas dariam para melhorar a qualidade daqueles materiais.

Das principais estratégias apresentas, a Mobilização Social foi a que mais me instigou e aquela que pude estudar mais profundamente para apresentar. Através da referência bibliográfica "Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação" (TORO et al, 2007), pude fazer uma leitura sobre essa temática que me dimensionou muito bem o significa Mobilização na sua essência. E desde já posso falar que, apesar de as pessoas acharem que Mobilização Social seria apenas fazer manifestação em defesa de uma causa, apreendi que "Mobilizar pessoas" exige toda uma Estrutura e Planejamento de Ações. O que é  e para que Mobilização Social? Qual o seu Horizonte Ético? Diz respeito ao início do livro em que o autor traz toda uma concepção sobre a Mobilização Social enquanto exercício de Cidadania em função de princípios democráticos.

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“Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito em comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados”. Essa é a definição trazida pelo texto que explicita a Mobilização enquanto um ato de Escolha, um ato de Liberdade e também um ato de comunicação. Mobilizar pessoas é convocar discursos, decisões e ações no sentido de um objetivo comum (construção de um Projeto de Futuro) e por isso exige ações de comunicação no seu sentido amplo, enquanto processo de compartilhamento de discursos, visões e informações. Assim, mobilização requer uma dedicação contínua para produzir resultados cotidianamente; interpretação e sentidos também compartilhados.

A partir daí, o texto aborda sobre a Estruturação e Planejamento de um Processo de Mobilização Social que traz um Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Processo de Mobilização. Nesse aspecto, os autores trazem diversos conceitos a respeito da Comunicação e de Interlocutores que orientam, estruturam e planejam e processo de Mobilização, assim como, algumas dificuldades a serem enfrentadas neste processo. No fim, há um anexo que achei interessante colocar a respeito das 7 APRENDIZAGENS BÁSICAS PARA A EDUCAÇÃO NA CONVIVÊNCIA SOCIAL: APRENDER A NÃO AGREDIR O SEMELHANTE:

APRENDER A COMUNICAR-SE: Base da autoafirmação pessoal e social
APRENDER A INTERAGIR: Base dos modelos de relação social
APRENDER A DECIDIR EM GRUPO: Base da Política e da Economia
APRENDER A SE CUIDAR: Base dos modelos de saúde e seguridade social
APRENDER A CUIDAR DO LUGAR EM QUE VIVEMOS: Fundamento da Sobrevivência
APRENDER A VALORIZAR O SABER SOCIAL: Base da evolução social e cultural
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Por fim, considerando as demais estratégias, gostaria de comentar sobre a Mídia Advocacy que para mim, complementa perfeitamente os aspectos da Mobilização Social no campo da Saúde. Em sua referência encontramos sua definição "Mídia advocacy significa uma abordagem de saúde pública que reconhece explicitamente a importância do comportamento social e político e define os problemas de saúde como questões de ordem pública, não apenas individual". Nesse sentido, a Mídia Avocacy procura também orientarem os indivíduos na reivindicação por seu poder, objetivando mudar os fatores sociais e políticos que contribuem para o estado de saúde de todos. Assim, creio que a união dessa estratégias contemplaria perfeitamente a luta por causas sociais em comum, principalmente no campo da Saúde Coletiva!


Referências:

  • TORO, J. B. et al. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Ed. Autentica.Belo Horizonte. 2007. p.p. 11-18 . 36-63
  • WALLACK,  L.  O que é Mídia Advocacy et al. In:  WALLACK,  L. Media Advocacy and Public Health – power for prevention. Disponível no Google Books. Tradução disponível no Blog http://aadvocacy.blogspot.com/2010/03/o-que-e-midia-advocacy.html

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

E aonde entra a Educação em Saúde?

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Normalmente, sempre  fazemos uma crítica ao componente de Educação e Comunicação em Saúde que se trata de abordar sempre o campo da Comunicação, mas deixar de stand by o campo da Educação. Ambos estão intrinsecamente relacionados, mas configuram direções diferentes. Poderíamos dizer, por exemplo, que a Comunicação em Saúde está  basicamente direcionada para os processos de transmissão da informação, enquanto que a Educação em Saúde está direcionada para a transmissão da informação objetivando a construção do saber. Em outras palavras, poderíamos dizer que ainda que a Educação em Saúde dependa da Comunicação, essa não necessariamente objetiva pressupostos pedagógicos. Logo, o campo da Educação em Saúde não se finda e nem se resume a compreender processos de comunicação, e precisam ser dimensionados muito além disso.

Resgatando o conteúdo que já foi abordado em componentes anteriores, sabemos o que o campo da Educação em Saúde (ES) possui uma historicidade relativamente significante. A Educação em Saúde sempre foi algo requisitado pelos profissionais de saúde e  que, durante muito tempo, foi constituído de práticas autoritárias, normatizadoras e biologicistas objetivando impugnar aos indivíduos hábitos e comportamentos "saudáveis". No entanto, com o passar do anos e a chegada de novas formas pedagógicas, a Educação em Saúde foi se transformando de forma que os profissionais de saúde passaram e exercer práticas pedagógicas que objetivavam a autonomia dos indivíduos em seu autocuidado. Com isso, é possível identificar diversos variantes para  Educação em Saúde tal como Educação Sanitária, Educação e Saúde, Educação para a Saúde e Educação Popular em Saúde.

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Marcada inicialmente por campanhas sanitárias (Educação Sanitária) de prevenção das doenças com as caraterísticas citadas acima, a ES também foi chamada de Educação e Saúde, em que por meio ações verticais se segregava o tecnicismo da Saúde na intervenção das Doenças e os métodos pedagógicos de mudança comportamental da Educação. Assim, a Educação para a Saúde ainda hoje é utilizada como ES em que há a lógica de ensino verticalizado dos profissionais de saúde de mudanças de hábitos de vida para a população vista como ignorante. E finalmente, através da acensão de movimentos sociais tal como a Educação Popular preconizada por Paulo Freire, surge a Educação Popular em Saúde que incorporou a participação e o saber popular na atenção à saúde, dando lugar a processos educativos mais democráticos.

Resultado de imagem para educação continuada e permanenteComo, então, capacitar os profissionais de Saúde para uma exercerem a Educação Popular em Saúde? É nesse ponto que nos referimos a Educação na Saúde, ou seja, aquela voltada para os profissionais de Saúde. Isso porque ainda que a Educação Popular seja considerada a mais efetiva para gerar mudanças significativas de autonomia do autocuidado na população, muitos profissionais aprenderam como desenvolvê-la em sua formação. Há então duas modalidades de educação no trabalho em saúde, a Continuada e a Permanente. No geral, a diferença entre elas é que a Educação Continuada "caracteriza-se por alternativas educacionais mais centradas no desenvolvimento de grupos profissionais", enquanto que a Educação Permanente "consiste em ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde objetivando a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho.

Com isso, podemos compreender a dimensão do campo da Educação em Saúde! Cabe ressaltar então a necessidade de trabalhar melhor essas concepções principalmente aquelas ligadas a Educação Popular em Saúde e as formas de Educação Continuada e Permanente na Saúde. Como então, unir esses concepções sem desconsiderar a Comunicação em Saúde? Segue adiante que poderá descobrir...


Referência:
  • FALKENBERG, Mirian Benites et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 19, n. 3, p. 847-852,  Mar.  2014.

Planejar Comunicação em Saúde?... E agora?!

Hello, everybody!

Depois de um longo período, retorno agora para fazer os relatos do componente curricular Educação e Comunicação em Saúde III da 5º semestre da Graduação em Saúde Coletiva. Desde já, confesso que esse componente é constantemente uma indagação para os graduandos da Saúde Coletiva e por fazes gera um certo incômodo que algumas propostas metodológicas. Mas o queria da nossa trajetória sem estes incômodos para nos fazer aprimorar? Na verdade, especificamente, o campo da Comunicação em Saúde sempre carrega em si uma complexidade que muitas vezes vai além do teórico. Os processos de Comunicação em si exigem um certo esforços daqueles que o fazem, pois no geral, precisamos sempre pensar estratégias e  métodos para passar/gerar informação de forma expressiva e concreta a alguém com o intuito de proporcionar conhecimento.

Pensar nisso nos faz entender que temos um longo caminho a percorrer da Informação até o Conhecimento. Os percursos são diversos, mas necessariamente todos permeiam os processos de Comunicação. Se pensarmos, exclusivamente no campo da Saúde, esse processo como um todo é intrínseco à Educação em Saúde, pois no geral almeja transmitir conteúdos que tenham um objetivo transformador. E, portanto, por meio dessa concepção, que chego aos finalmente da proposta metodológica deste componente: o Planejamento da Comunicação em Saúde. Sim, tratar desse campo na saúde, um tanto complexo, envolve uma ferramenta de Gestão já conhecida entre nós que é o Planamento de ações.

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Planejar o que? Para que? Com quem? Para quem? Esses são algumas das indagações que já começamos a fazer quando inciamos o componente. E cá entre nós, não podemos negar a nossa já proximidade com essa metodologia. não é mesmo?! (Alô, PPLS!) Mas seria pura inocência pensar que as questões de planejamento se assemelham. Logo pudemos perceber que quando se trata de Comunicação, o Planejamento exige métodos próprios e desde já digo que não aprofundamos muito sobre esses métodos. No entanto, cabe colocar um ponto de Partida como o já conhecido Planejamento Estratégico Situacional (PES), conforme cita PITTA & RIVERA (2006), para lidar com questões que envolvem a integralidade da atenção em Saúde. 

Quais seriam as estratégias para isso então? Sigam os bons que veremos até onde podemos chegar...

Um Plano para além da Comunicação em Saúde...

Percorrido um caminho até aqui, chegamos às vias de fato que é o tal Plano de Comunicação e Educação em Saúde... E ainda bem que a Educação...