sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Um Plano para além da Comunicação em Saúde...

Percorrido um caminho até aqui, chegamos às vias de fato que é o tal Plano de Comunicação e Educação em Saúde... E ainda bem que a Educação está inclusa, ainda que o foco maior seja na Comunicação! Digo isso porque pensar a respeito desse plano não foi uma tarefa muito fácil, já que não sabia exatamente qual seria a abordagem do meu plano e por um tempo demorei a tomar uma decisão sobre a temática. A Princípio, pensei em trabalhar com alguma coisa do sistema de saúde justamente ligada ao campo da Comunicação tal como as Campanhas de Imunização, um tema um tanto quanto complexo para considerar questões de planejamento. Depois, considerei a possibilidade de trabalhar a Comunicação em Saúde para populações Vulneráveis diante do serviço de saúde como a População LGBT.

Finalmente, então, inspirado por aprendizados recentes sobre a Educação Popular em Saúde, considerei pensar a respeito da comunicação dos profissionais de Saúde em função da Educação Popular nos serviços de Atenção Básica. Logo, o que tinha em mente era realizar um Plano de Comunicação para Educação Popular como estratégia de Educação Permanente para trabalhadores das Unidades de Saúde da Família (USF). Considerei este tema pra falar justamente porque ainda hoje é possível identificar muitas profissionais de saúde exercendo Educação para a Saúde, quando já é comprovado que o método da Educação Popular é o considerado o mais eficaz para empoderar a população usuária do serviço no seu autocuidado.

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Nesse sentido, comecei a buscar referências sobre a Educação Popular no âmbito do Programa Saúde da Família (PSF), logo, encontrei muitas referências que traziam exatamente aquilo que buscava. Em termos de Comunicação, a Educação Popular em Saúde mostra-se uma excelente ferramenta pedagógica por trabalhar com o modelo dialógico, em que os profissionais de saúde problematizam as questões dos população usuária considerando sua própria realidade de vida. Dessa forma, o profissional estabelece uma relação de horizontalidade com o usuário do serviço de forma que ele próprio busca a autonomia no seu processo saúde-doença-cuidado. Mas não é a maioria dos profissionais de saúde que utilizam os métodos da Educação Popular, sendo assim, faz-se necessário capacitar esses trabalhadores com esse objetivo.

Eis então que (empiricamente) planejei uma espécie de minicurso para trabalhadores de USF composto de oficinas que trazem atividades para aprendizagem da Educação Popular. Cada oficina tem o foco distinto para a mesma finalidade, sensibilizar os trabalhadores do PSF para o exercício da Comunicação Dialógica/Educação Popular no serviço de Saúde:
  1. OFICINA – EDUCAÇÃO EM SAÚDE: Quais as vantagens de entender sobre a Comunicação para o desenvolvimento da Educação em Saúde?
  2. OFICINA – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR: como estabelecer diálogos pertinentes com as classes populares?
  3. OFICINA – ESTABELECENDO COMUNICAÇÃO DIALÓGICA: como estabelecer diálogos pertinentes com as classes populares?
  4. OFICINA – CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DO CONHECIMENTO: como é possível constituir instruir as pessoas de forma que elas assimilem o autocuidado?
  5. OFICINA – A REDE DE CUIDADO NA ATENÇÃO BÁSICA E A EDUCAÇÃO POPULAR: como trabalhar práticas educativas com populações específicas?
Pode parecer até meio clichê, visto que a os cursos de Educação Popular no SUS já são conhecidos por muitos profissionais de Saúde, porém, não sei até que ponto isso é desenvolvido na lógica da Educação Permanente e no âmbito do PSF. Mas enfim... apesar de ser algo planejado de forma empírica para contemplar a avaliação do componente de Educação e Comunicação em Saúde III, acredito que trabalhar com essa temática seja algo que precisamos amadurecer na graduação em Saúde Coletiva. Sanitarista também deve ser Educador Popular em potencial!!!

AbraSUS e até a próxima! (Espero que não! #Brincadeira) #CambioDesligo

Quais estratégias para Comunicação e Educação em Saúde?

Na medida em que avançamos para pensar o tal Plano de Comunicação e Educação em Saúde, esbarramos na seguinte questão: quais estratégias que poderíamos utilizar para estabelecer essa interlocução com o público? Já sabemos que Comunicar (e muito menos Educar) não são tarefas fáceis, e especificamente, quando se trata do campo da Saúde é preciso considerar estratégias que atinjam o maior número de pessoas com a informação que se dessa transmitir. Podemos então trabalhar com algumas principais estratégias com essa finalidade tal como: a Mobilização Social, a Educação Comunicativa X Comunicação Educativa, as Campanhas de Saúde (propriamente ditas) e a Mídia Advocacy.

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Antes de me ater a falar de algumas dessas estratégias, vou comentar um pouco a respeito da vídeo "Tuberculose tem cura", fruto de um projeto da Profª Lígia Rangel sobre Guia de Comunicação em Saúde. O vídeo basicamente registra oficinas realizadas entre Profissionais de Saúde e pessoas da Comunidade, para tratar a respeito da comunicação sobre a Tuberculose. Sabemos que a Tuberculose, é um agravo que ainda possui muito estigma pela sociedade, apesar de terem havido diversos materiais educativos que buscavam a sua desmitificação. Mas qual seria a real dimensão desses materiais, será que eles geram algum impacto na população? As oficinas registradas trazem exatamente isso, a análise de materiais educativos sobre a Tuberculose pela pelas pessoas presentes. No geral, o interessante do vídeo foi mostrar de que as pessoas absorviam aquelas informações e quais as contribuições elas dariam para melhorar a qualidade daqueles materiais.

Das principais estratégias apresentas, a Mobilização Social foi a que mais me instigou e aquela que pude estudar mais profundamente para apresentar. Através da referência bibliográfica "Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação" (TORO et al, 2007), pude fazer uma leitura sobre essa temática que me dimensionou muito bem o significa Mobilização na sua essência. E desde já posso falar que, apesar de as pessoas acharem que Mobilização Social seria apenas fazer manifestação em defesa de uma causa, apreendi que "Mobilizar pessoas" exige toda uma Estrutura e Planejamento de Ações. O que é  e para que Mobilização Social? Qual o seu Horizonte Ético? Diz respeito ao início do livro em que o autor traz toda uma concepção sobre a Mobilização Social enquanto exercício de Cidadania em função de princípios democráticos.

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“Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito em comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados”. Essa é a definição trazida pelo texto que explicita a Mobilização enquanto um ato de Escolha, um ato de Liberdade e também um ato de comunicação. Mobilizar pessoas é convocar discursos, decisões e ações no sentido de um objetivo comum (construção de um Projeto de Futuro) e por isso exige ações de comunicação no seu sentido amplo, enquanto processo de compartilhamento de discursos, visões e informações. Assim, mobilização requer uma dedicação contínua para produzir resultados cotidianamente; interpretação e sentidos também compartilhados.

A partir daí, o texto aborda sobre a Estruturação e Planejamento de um Processo de Mobilização Social que traz um Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Processo de Mobilização. Nesse aspecto, os autores trazem diversos conceitos a respeito da Comunicação e de Interlocutores que orientam, estruturam e planejam e processo de Mobilização, assim como, algumas dificuldades a serem enfrentadas neste processo. No fim, há um anexo que achei interessante colocar a respeito das 7 APRENDIZAGENS BÁSICAS PARA A EDUCAÇÃO NA CONVIVÊNCIA SOCIAL: APRENDER A NÃO AGREDIR O SEMELHANTE:

APRENDER A COMUNICAR-SE: Base da autoafirmação pessoal e social
APRENDER A INTERAGIR: Base dos modelos de relação social
APRENDER A DECIDIR EM GRUPO: Base da Política e da Economia
APRENDER A SE CUIDAR: Base dos modelos de saúde e seguridade social
APRENDER A CUIDAR DO LUGAR EM QUE VIVEMOS: Fundamento da Sobrevivência
APRENDER A VALORIZAR O SABER SOCIAL: Base da evolução social e cultural
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Por fim, considerando as demais estratégias, gostaria de comentar sobre a Mídia Advocacy que para mim, complementa perfeitamente os aspectos da Mobilização Social no campo da Saúde. Em sua referência encontramos sua definição "Mídia advocacy significa uma abordagem de saúde pública que reconhece explicitamente a importância do comportamento social e político e define os problemas de saúde como questões de ordem pública, não apenas individual". Nesse sentido, a Mídia Avocacy procura também orientarem os indivíduos na reivindicação por seu poder, objetivando mudar os fatores sociais e políticos que contribuem para o estado de saúde de todos. Assim, creio que a união dessa estratégias contemplaria perfeitamente a luta por causas sociais em comum, principalmente no campo da Saúde Coletiva!


Referências:

  • TORO, J. B. et al. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Ed. Autentica.Belo Horizonte. 2007. p.p. 11-18 . 36-63
  • WALLACK,  L.  O que é Mídia Advocacy et al. In:  WALLACK,  L. Media Advocacy and Public Health – power for prevention. Disponível no Google Books. Tradução disponível no Blog http://aadvocacy.blogspot.com/2010/03/o-que-e-midia-advocacy.html

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

E aonde entra a Educação em Saúde?

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Normalmente, sempre  fazemos uma crítica ao componente de Educação e Comunicação em Saúde que se trata de abordar sempre o campo da Comunicação, mas deixar de stand by o campo da Educação. Ambos estão intrinsecamente relacionados, mas configuram direções diferentes. Poderíamos dizer, por exemplo, que a Comunicação em Saúde está  basicamente direcionada para os processos de transmissão da informação, enquanto que a Educação em Saúde está direcionada para a transmissão da informação objetivando a construção do saber. Em outras palavras, poderíamos dizer que ainda que a Educação em Saúde dependa da Comunicação, essa não necessariamente objetiva pressupostos pedagógicos. Logo, o campo da Educação em Saúde não se finda e nem se resume a compreender processos de comunicação, e precisam ser dimensionados muito além disso.

Resgatando o conteúdo que já foi abordado em componentes anteriores, sabemos o que o campo da Educação em Saúde (ES) possui uma historicidade relativamente significante. A Educação em Saúde sempre foi algo requisitado pelos profissionais de saúde e  que, durante muito tempo, foi constituído de práticas autoritárias, normatizadoras e biologicistas objetivando impugnar aos indivíduos hábitos e comportamentos "saudáveis". No entanto, com o passar do anos e a chegada de novas formas pedagógicas, a Educação em Saúde foi se transformando de forma que os profissionais de saúde passaram e exercer práticas pedagógicas que objetivavam a autonomia dos indivíduos em seu autocuidado. Com isso, é possível identificar diversos variantes para  Educação em Saúde tal como Educação Sanitária, Educação e Saúde, Educação para a Saúde e Educação Popular em Saúde.

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Marcada inicialmente por campanhas sanitárias (Educação Sanitária) de prevenção das doenças com as caraterísticas citadas acima, a ES também foi chamada de Educação e Saúde, em que por meio ações verticais se segregava o tecnicismo da Saúde na intervenção das Doenças e os métodos pedagógicos de mudança comportamental da Educação. Assim, a Educação para a Saúde ainda hoje é utilizada como ES em que há a lógica de ensino verticalizado dos profissionais de saúde de mudanças de hábitos de vida para a população vista como ignorante. E finalmente, através da acensão de movimentos sociais tal como a Educação Popular preconizada por Paulo Freire, surge a Educação Popular em Saúde que incorporou a participação e o saber popular na atenção à saúde, dando lugar a processos educativos mais democráticos.

Resultado de imagem para educação continuada e permanenteComo, então, capacitar os profissionais de Saúde para uma exercerem a Educação Popular em Saúde? É nesse ponto que nos referimos a Educação na Saúde, ou seja, aquela voltada para os profissionais de Saúde. Isso porque ainda que a Educação Popular seja considerada a mais efetiva para gerar mudanças significativas de autonomia do autocuidado na população, muitos profissionais aprenderam como desenvolvê-la em sua formação. Há então duas modalidades de educação no trabalho em saúde, a Continuada e a Permanente. No geral, a diferença entre elas é que a Educação Continuada "caracteriza-se por alternativas educacionais mais centradas no desenvolvimento de grupos profissionais", enquanto que a Educação Permanente "consiste em ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde objetivando a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho.

Com isso, podemos compreender a dimensão do campo da Educação em Saúde! Cabe ressaltar então a necessidade de trabalhar melhor essas concepções principalmente aquelas ligadas a Educação Popular em Saúde e as formas de Educação Continuada e Permanente na Saúde. Como então, unir esses concepções sem desconsiderar a Comunicação em Saúde? Segue adiante que poderá descobrir...


Referência:
  • FALKENBERG, Mirian Benites et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 19, n. 3, p. 847-852,  Mar.  2014.

Planejar Comunicação em Saúde?... E agora?!

Hello, everybody!

Depois de um longo período, retorno agora para fazer os relatos do componente curricular Educação e Comunicação em Saúde III da 5º semestre da Graduação em Saúde Coletiva. Desde já, confesso que esse componente é constantemente uma indagação para os graduandos da Saúde Coletiva e por fazes gera um certo incômodo que algumas propostas metodológicas. Mas o queria da nossa trajetória sem estes incômodos para nos fazer aprimorar? Na verdade, especificamente, o campo da Comunicação em Saúde sempre carrega em si uma complexidade que muitas vezes vai além do teórico. Os processos de Comunicação em si exigem um certo esforços daqueles que o fazem, pois no geral, precisamos sempre pensar estratégias e  métodos para passar/gerar informação de forma expressiva e concreta a alguém com o intuito de proporcionar conhecimento.

Pensar nisso nos faz entender que temos um longo caminho a percorrer da Informação até o Conhecimento. Os percursos são diversos, mas necessariamente todos permeiam os processos de Comunicação. Se pensarmos, exclusivamente no campo da Saúde, esse processo como um todo é intrínseco à Educação em Saúde, pois no geral almeja transmitir conteúdos que tenham um objetivo transformador. E, portanto, por meio dessa concepção, que chego aos finalmente da proposta metodológica deste componente: o Planejamento da Comunicação em Saúde. Sim, tratar desse campo na saúde, um tanto complexo, envolve uma ferramenta de Gestão já conhecida entre nós que é o Planamento de ações.

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Planejar o que? Para que? Com quem? Para quem? Esses são algumas das indagações que já começamos a fazer quando inciamos o componente. E cá entre nós, não podemos negar a nossa já proximidade com essa metodologia. não é mesmo?! (Alô, PPLS!) Mas seria pura inocência pensar que as questões de planejamento se assemelham. Logo pudemos perceber que quando se trata de Comunicação, o Planejamento exige métodos próprios e desde já digo que não aprofundamos muito sobre esses métodos. No entanto, cabe colocar um ponto de Partida como o já conhecido Planejamento Estratégico Situacional (PES), conforme cita PITTA & RIVERA (2006), para lidar com questões que envolvem a integralidade da atenção em Saúde. 

Quais seriam as estratégias para isso então? Sigam os bons que veremos até onde podemos chegar...

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Plano de Comunicação do Risco: Vamos falar sobre Afogamento?

O Brasil é é um dos países com mair área litorânea e rede fluvial do mundo, e como tal, possui diversas cidades e lugares marcados pelas belezas de suas praias, rios e lagos. Suas maiores capitais encontram-se no costa litorânea ou no curso de algum rio e são cercadas por quilômetros de praias como a nossa querida cidade de Salvador. Assim, os banhos de mar (e de rio também) são atividades de lazer muito comuns no Brasil para todas as idades, principalmente, Crianças e Adolescentes. Por isso, uma vasta extensão de praias e o contato constante com as águas, gera uma preocupação relevante com um agravo de risco á saúde relativo a essa situação no Brasil: o Afogamento.

Segundo Szpilman (2000), o Afogamento (drowning em inglês) é definido como resultado de asfixia por imersão ou submersão em qualquer meio líquido, provocado pela entrada de água em vias aéreas, dificultando parcialmente ou por completo a ventilação ou a troca de oxigênio com o ar. Em outras palavras, o ato de (se) afogar é proveniente da incapacidade de respiração quando uma pessoa está imersa ou submersa em meio líquido o que necessariamente é provocado pela entrada de água em seu sistema respiratório. Portanto, tudo o meio composto por água capaz de submeter uma pessoa ao afogamento pode se tornar um ambiente de risco, é o caso das praias, rios, lagos, represas, piscinas e até quedas d'água como nos chuveiros caseiros, por exemplo.

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Assim, ambientes públicos formados por água em que as pessoas utilizam para lazer, trabalho  e/ou afazeres domésticos devem ser locais de vigilância para a saúde pública já que se configuram como ambientes passíveis ao risco de afogamento. Isso porque pessoas de todas os tipos tem contato com os meios aquáticos e automaticamente estão exposta ao afogamento que pode ser desencadeado por muitos aspectos de insegurança relativos as características do local (profundidade, correnteza, força motriz, etc), aos comportamentos pessoais e à própria falta de vigilância. Nesse sentido, a comunicação do risco de afogamento é uma medida extremamente importante para a prevenção desse agravo sendo, portanto, uma ação que deve ser planejada pelo serviço de saúde.

Alguns estudos trazem os chamados antecedentes de risco que evidenciam o afogamento como agravo à saúde, pois há um risco iminente de morte, e mesmo se o indivíduo sobreviver, entre os traumas, é um dos que mais causa impacto psicossocial; além disso, a maior parte dos afogamentos ocorre por causas não intencionais e apresenta diversos fatores (ou comportamentos) de risco como o uso de álcool, pessoas menores de 14 anos, baixo nível econômico, baixa escolaridade, falta de supervisão entre outros. Tais estudos evidenciam também que no Brasil, o afogamento é uma das principais causas de morte em crianças e adultos jovens,  é estimado que 94% da informação dos incidentes aquáticos seja desconhecida e, devido a possuir uma das maiores áreas espalhada e utilizável durante o ano todo, produz o maior nº de resgastes aquáticos do planeta.


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Todas essas informações servem de base para mostrar a importância da comunicação do risco de afogamento. Isso porque, apesar de possuir diversas formas de acontecer, o afogamento pode ser evitado ao se estabelecer um plano em que as pessoas fiquem cientes desse agravo. Com isso, depois de reconhecermos que as crianças e adolescentes são os mais sujeitos ao afogamento, o nosso Plano de Comunicação de Risco é objetivado para propor ações em função desse público-alvo. Essas ações tem o propósito de demonstrar, informar e instruir sobre os riscos que podem provocar o afogamento e o enfoque é discutir práticas e estratégias, propor mudanças que influenciem no comportamento das pessoas e contribuir com a prevenção do afogamento em praias, rios, represas e piscinas.


Referência:

 David Szpilman. Afogamento .Rev Bras Med Esporte Vol. 6, Nº 4 – Jul/Ago, 2000.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Comunicação e Cultura na Interface do Risco à Saúde

Caminhando até discorri sobre as aspectos que envolvem a relação entre Comunicação, Educação, Saúde e mais recentemente o Risco. Como evidenciado na postagem anterior o conceito de Risco pode ser bastante abrangente e complexo, a depender em qual contexto inserimos ele. Aqui, agora, façamos uma reflexão sobre o contexto de Risco à Saúde na interface com a Comunicação e a Cultura. Vimos que a Comunicação do Risco é um processo essencial para trazer as pessoas dimensões e situações de possíveis e prováveis danos à Saúde. Porém, será que todas as diferentes pessoas apreendem essa informação da mesma forma? Existe algo que é extremamente importante a ser considerado na Comunicação do Risco que são as diversas dimensões culturais.

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Começamos então com questionamentos de autores que discorrem sobre o tema: o que é o risco na cultura? Como seria então trabalhar com o comunicação do controle de riscos, tendo em conta dimensões da cultura? Bem, segundo Rangel (2007), "quando se trata de discutir a relação risco, cultura e comunicação, a polissemia  dos termos ganha relevância, pois é necessária a atenção para o fato dos múltiplos sentidos contidos em um único significante, que pode tornar a comunicação problemática". Nesse caso, se tomarmos o risco como exemplo, ele expressa vários significados, na vida cotidiano, no senso comum e no campo específico (RANGEL, 2007).

O Risco pode assumir diferentes significados a depender do contexto e da perspectiva que  é utilizado. Por exemplo, para muitas pessoas o risco remete a ideia de algo que venha acontecer por acaso, no sentido de incerteza. Mas uma incerteza que é mensurável, o que desloca-se da noção do senso comum para a formulação do conceito de risco nas ciências, ou seja, da ideia de dano possível ou provável que poder ser observado. Segundo Rangel (2007) citando especialistas, para a Epidemiologia, por exemplo, o risco está vinculado a uma análise probabilística da ocorrência de um dano na saúde da população, em função de determinados fatores de risco e período de observação. Já para as Ciências Sociais o risco, na perspectiva de probabilidade da ocorrência de dano, é tomado como objeto de estudo e analisado como uma consequência da modernidade, criados e efetivados pelos sistemas socais (RANGEL, 2007).

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Tanto no perspectiva da Epidemiologia quanto das Ciências Sociais, há uma caraterística em comum na abordagem do risco que se refere ao foco da atenção voltada para grupos de pessoas que apresentam maior probabilidade de risco (no caso danos relativos à saúde) devido ao seu contexto sociocultural. Por isso, a interface entre o risco e cultura é importante para desenvolver boas práticas de saúde com foco nas populações mais vulneráveis ao risco, direcionando ações e recursos para esses grupos conforme o princípio da Equidade. E para isso, é preciso aplicar políticas e estratégias eficientes de controle ou eliminação dos riscos junto aos grupos sociais, o que necessita um reconhecimento das diversas dimensões que os envolvem, indo muito além da identificação.

Podemos considerar que essas dimensões dizem respeito a forma que cada grupo de pessoas ou indivíduos enxergam uma situação de risco, os quais variam em uma ampla diversidade vinculada desde produção, circulação e consumo de bens e serviços a modo de vida dos diferentes grupos sociais, incluídos as atividades de lazer, trabalho, uso dos espaços e etc. (RANGEL, 2007). Enfim, enquanto indivíduos e coletividades temos várias percepções dos riscos que são moldados pela nossa cultura (seja ele qual for) de lidar com as coisas do dia-da-dia. Assim, constantemente estamos expostos uma probabilidade de danos e agravos que diferenciam a depender de aspectos culturais, por isso é dever do Estado por meio da Vigilância proteger e preservar a nossa saúde, por meio de ações, políticas e planos que, no final das contas, buscam a promoção da Saúde.


Referência:

RANGEL-S, Maria Ligia. Risco Cultura e Comunicação na proteção e promoção da saúde. In: COSTA, E. A.; RANGEL-S, M. L. Comunicação em Vigilância Sanitária. Princípios e Diretrizes para uma política.  Salvador: Edufba, 2007. (p. 95-114).

domingo, 28 de janeiro de 2018

Comunicação do Risco: qual a importância disso?

Até aqui já trilhamos um caminho para entender qual a importância da Comunicação no campo da Saúde. A interlocução entre os profissionais de saúde e a população é fundamental para se criar um diálogo permanente em torno de questões tão complexas que a Saúde engloba. Segundo Rangel (2007), no Brasil por exemplo, desde o início do século passado, a Comunicação enquanto prática social vem sendo interpelada no campo da saúde de modo a se articular às políticas de saúde e às estratégias de controle sanitário. Nesse sentindo, trago aqui uma discussão acerca da Comunicação de riscos, uma questão bastante diversificada e abrangente na área da Saúde.

O risco é algo que demanda muita atenção e foco na área da Saúde, ao considerar que vivemos numa sociedade repleta de coisas que podem vim ser (ou já são) um risco a nossa saúde individual e coletiva. Assim, com o intuito de atuar na prevenção dos riscos e ao mesmo tempo promoção da saúde, vem-se pensando em diversas estratégias que possam enfrentar os muitos riscos a qual a saúde da população está exposta. Uma dessas estratégias é justamente a Comunicação dos riscos, que basicamente diz respeito à forma como os riscos eminentes à saúde podem ser transmitidos para a população e assimilados de forma educativa.

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Segundo Rangel (2007), nas últimas décadas, a ferramenta usada por muitas países desenvolvidos para lidar com esses questões que envolvem a sobrevivência da sociedade frente a situações de riscos é a Análise de Risco. E nesse caso, de acordo com alguns autores, entende-se por análise de risco, a identificação de danos potenciais aos indivíduos e a sociedade de acordo com a estimativa provável de que ocorra algum dano mediante dados anteriores, análises estatísticas, observação sistemática, experimentação ou intuição. Ou ainda, um conjunto de conhecimentos que gera a probabilidade da ocorrência de um efeito adverso por algum agente (físico, químico, biológico, outros), processos industrias, tecnologia ou processo natural os quais, no caso campo sanitário, estão relacionados com a ideia de dano à saúde, seja por doença, agravo e até mesmo a morte (RANGEL,2007).

No entanto, ainda segundo Rangel, existem autores que evidenciam críticas às análise de risco tecnológicos ou ambientais, por haver falhas na dimensão social em considerar aspectos da subjetividade, percepções e atitudes daqueles que aos riscos estão expostos. E nesse caso, uma das tecnologias a se analisar é a comunicação do risco que pode ser compreendida como "o intercâmbio interativo de informações e opiniões sobre os riscos entre as pessoas encarregadas da avaliação dos riscos e do gerenciamento dos riscos, os consumidores e outras partes interessadas" (RANGEL, 2007). Assim, podemos considerar que a Comunicação de risco envolve a forma que o mesmo será informado a população até a maneira como ele será recebido, no sentido de que essa interação venha causar nas pessoas a consciência de algum dano ou perigo e possível mudança de comportamento.
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Atualmente, podemos identificar diversos riscos que ameaçam a saúde pública, desde falta de saneamento básico até surtos de alguma doença infecciosa, não são poucos os diversos riscos que a população pode estar exposta. Assim, é de extrema relevância a forma como esses riscos vão ver comunicados e em qual contexto eles serão abordados, o que nos faz refletir sobre os meios de comunicação (mídias) e os profissionais responsáveis por transmitir esse informação. As agências de notícia tem um papel estratégico e essencial na veiculação de informações que lidam com situações críticas de risco à saúde, cabendo aos profissionais de saúde elaborarem as estratégias que vincularão esses informações. Considerando, que a informação é assimilada de diferentes maneiras pelas pessoas a depender a sua visão de mundo, podemos afirmar que há muitos desafios para comunicação do risco, desde de diálogo com as diversas culturas até a elaboração de um plano educativo.


Referência:


RANGEL-S, Maria Ligia. Comunicação no controle de risco à saúde e segurança na sociedade contemporânea: uma abordagem interdisciplinar. Ciência & Saúde Coletiva, 12(5):1375-1385, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n5/29.pdf

sábado, 27 de janeiro de 2018

A Polifonia no Espaço Urbano: Buscando Símbolos

A Comunicação é uma das necessidades inerente ao homem. Seja onde for, precisamos nos comunicar para buscar aquilo que queremos ou pretendemos. Mas não são só as pessoas que comunicam, as coisas que nos cercam são dotadas de simbologia, onde cada um desses símbolos nos trazem alguma figuração, expressão ou informação. Nesse sentindo, logo pensamos no espaço que ocupamos, na casa em que moramos, no município em que habitamos... Ou seja, o ambiente ao qual estamos inseridos nos influencia de alguma forma e isso é bastante evidenciado através da polifonia nos espaços urbanos.

As cidades compreendem espaços urbanos de ricos campos de comunicação, seja pelas diversas coletividades humanas em contato nos espaços públicos, seja pelo conjunto de estímulos visuais que proliferam nas ruas. Então, além de serem palcos de importantes acontecimentos sociais, culturais, políticos, bem como centro de fluxos financeiros e trocas comercias, as cidades são espaços de articulação de sentidos e experimentação das diferenças no interior do qual subjetividades, criadoras ou não, podem ser geradas. Nesse sentido, segundo Sodré (2006),uma característica marcante da comunicação que podemos encontrar nas ruas das grandes cidades é seu caráter predominantemente visual, isso porque as imagens prevalecem em detrimento da linguagem verbal. Dessa forma, a predominância dos imagens na comunicação urbana contribui para que as mensagens sejam rapidamente mais assimiladas num ambiente marcado pela velocidade dos fluxos humanos e pela proliferação dos signos comunicacionais que disputam o olhar de quem passa (SODRÉ, 2006).

Resultado de imagem para salvadorA partir disso, considerando a diversidade de elementos que constituem o cenário comunicacional da cidade, podemos compreender que a comunicação urbana é marcada pela polifonia, pois está repleta de elementos estética, conteúdo e propósitos particulares. A polifonia compreende um conjunto de vozes, e nesse caso, os diferentes signos que constituem a paisagem das cidades  integram um imenso coral urbano , em que cada elemento pode ser considerado como uma voz que canta em determinado tom fragmentos de uma mesma canção polifônica. Mais especificamente, é possível identificar que na cidade esses vozes, por vezes ditas contraditórias, coexistem em constante luta simbólica devido a disputa de  ideias e posições subjetivas geradas por elas e, principalmente, pela ocupação dos espaços (SODRÉ, 2006).

Ainda segundo Sodré (2006), a comunicação nas ruas diferentes da comunicação de massa (das mídias) tem uma particularidade que é o imperativo sobre as pessoas, pois, seja por onde passamos, podemos visualizar diversos elementos independente da nossa vontade. E quando se trata de grandes cidades marcadas como grandes centros comerciais, há uma profusão de signos comunicacionais que ocupam os lugares públicos e interpelam, de diversas maneiras, os cidadãos. Assim, para identificar tais signos caraterizados como as vozes que compõe a polifonia nas cidades, considera-se três aspectos que expressam como isso pode interferir na construção das subjetividades das pessoas: Arquitetura, paisagismo e urbanismo; comunicação institucional: publicidade ao ar livre e Comunicação marginal: inscrições urbanas (SODRÉ, 2006).

Nesse sentido, trago três imagens que caracterizam cada um desses aspectos como vozes que comunicam a cidade de Salvador e que provocam alguma reflexão na subjetividade dos cidadãos soteropolitanos que as visualizam. Esses imagens, na verdade, paisagens refletem cada um desses aspectos e, de certa fora compõe, um conjunto de vozes expressam a polifonia da cidade de Salvador.

  • Pelourinho: Casas com arquiteturas marcantes no Centro Histórico de Salvador
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Referência do período colonial brasileiro, o Pelourinho é uma expressão máxima de Arquitetura, paisagismo e urbanismo que marcam a história de um povo. Considerado Patrimônio Histórico pela UNESCO, o Pelourinho representa o Centro Histórico de Salvador com suas diversas construções em estilo barraco. Berço da história nacional brasileira, é tido como deslumbrante e berço da cultura por muitos soteropolitanos e turistas que o visitam diariamente, mas para diversas outras pessoas, é visto também como uma área de insegurança e detentor de várias histórias de sofrimento de um período marcado pela Escravidão...

  • Outdoor com Propaganda da Prefeitura de Salvador
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Interessante que quando pensamos em propagandas em Outdoors logo nos remetemos à publicidade de algum produto, serviço ou lugar proveniente de alguma entidade privada. Entretanto, em Salvador, uma das entidades que mais fez propaganda é a própria prefeitura. Não basta fornecer o serviço a população, a Prefeitura de Salvador precisa divulgar o que fez. Claro, fazer o marketing não é o problema, a questão é que a prioridade do Palácio Thomé de Souza não deveria ser essa...

  • Grafite em Escadaria na Orla de Salvador
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O grafite faz parte da cultura urbana de qualquer grande cidade e em Salvador não é diferente. Por diversos cantos da cidade podemos encontrar um muro marcado por uma pintura característica. No caso de Salvador é muito comum identificarmos grafites que fazem referência a cultura símbolo da cidade e há meu ver é o caso da arte acima...

Todos essas imagens podem causar diversas impressões nas pessoas que as visualizam. Há quem admire, há quem ignore, há quem critique, há quem elogie... O fato é que esses são elementos que caracterizam as vozes de uma grande cidade e ao mesmo tempo mexem com a subjetividade das pessoas que as presenciam. Assim, numa cidade, para identificarmos elementos que nos comunique alguma coisa, basta sairmos por aí em busca de símbolos.


Referência:


SODRÉ, R.F. A comunicação na cidade: polifonia e produção de subjetividade no espaço urbano. Intercom, set. 2006. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R1072-1.pdf>. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Comunicação e Educação em Saúde Coletiva

Comunicação e Educação constituem dois campos de saberes e práticas que permeiam o trabalho de diversas profissões. E, apesar de haver a formação específica no área da Comunicação e da Educação, a relação estabelecida entre cada uma e o trabalho de algumas profissões é quase sempre de cunho social. Na área da Saúde, por exemplo, a Educação constitui uma prática inerente a qualquer profissional e se configura como uma responsabilidade social; já a Comunicação pode ser compreendida como um instrumento para gerar conhecimento em Saúde através da Informação.

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A Informação em Saúde, assim como em qualquer outra área, compreende o processamento e transformação de dados, como por exemplo, a análise de procedimentos estatísticos/epidemiológicos. A princípio, a Comunicação não tinha vínculo com Informação, mas com o passar do tempo, passou a atentar a esses procedimentos pelos quais a informação podia ser trabalhada e transformada em saberes pelas pessoas e instituições. Já a Educação, que surgiu vinculada às áreas técnicas, por muito tempo, não esteve associada aos ideais da Comunicação, percorrendo caminhos distintos e nem sempre amigáveis. Porém, recentemente, vem se buscando associar Educação e Comunicação, de forma a alinhá-las a luz dos princípios do SUS no contexto da Saúde Pública (ARAÚJO, 2007).

Considerando cada uma separadamente, a relação entre Comunicação, Educação e Saúde pode ser delimitada como um campo de interface entre três diferentes campos disciplinares e práticas sociais, ou ainda, uma direcionalidade instrumental de um campo sobre o outro com produção de efeitos.  Nesse sentido, compreende-se  então que, antes de tudo, esses três campos se interconectam, primeiro em torno da comunicação, que como fenômeno de linguagem, é constitutivo de qualquer experiência humana pelas relações intersubjetivas de sujeitos de linguagem. Assim, a Comunicação é inicialmente, uma condição intrínseca de vida e saúde. Segundo, a Saúde caracteriza-se como um processo histórico e social que se constitui por relações intersubjetivas de sujeitos em sociedade, organizados para precaver ou agravar a sua saúde e a própria vida. Terceiro, a Educação, portanto, implica em processos de aprendizagem que pressupõe saberes adquiridos pela experiência intersubjetiva, nesse caso, sobre saúde e doença, por meio da interação social, quando se desenvolve uma comunicação significativa para os sujeitos da ação. (RANGEL, 2010).

Com isso, podemos considerar que a Comunicação em Saúde ocupa um papel central tanto na produção de saberes pela informação como nos processos de aprendizagem conduzidos pela Educação. Para isso, é preciso considerar a comunicação não se dissocia da noção de direito à Saúde, pois tem como objetivo o aperfeiçoamento de um sistema público de saúde em todas as suas dimensões e a participação efetiva das pessoas na edificação dessa possibilidade. Isso se relaciona com um a adesão das pessoas um debate público que implique a ampliação da participação social nas políticas de Saúde. Isso porque, considerando a saúde pública como lugar de embates da luta por hegemonia, a Comunicação como parte dessa luta pode direcionar a natureza e a qualidade de suas práticas para a transformação das estruturas e relações de poder ou para a manutenção delas. (ARAÚJO, 2017).



Referências:



ARAÚJO, I. S.; CARDOSO, J. M. A Comunicação e os princípios do SUS. In: ARAÚJO, I. S.; CARDOSO, J. M. Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007. p. 19-34

RANGEL-S, M.L. TEXTO DIDÁTICO - Comunicação, Educação e Saúde: exercício para percepção e ação nas interfaces. Mimeo, 2010.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Um Conceito Ampliado de Saúde


A Saúde sempre foi uma das coisas mais almejadas pelo ser humano ao longo de sua existência. Na verdade, saúde é algo tão essencial na vida de qualquer pessoa que nem como uma simples coisa poderia ser chamada e sim como uma necessidade. Simplesmente, antes de qualquer coisa, precisamos de saúde pra viver, ser e estar, independente do lugar de origem, raça, sexo, gênero ou classe social. Como definir e delimitar a Saúde então?



Por muito tempo, a Saúde foi pensada como um estado de vida em que as pessoas estivessem ausentes da Doença. Histórica e socialmente marcada como o mal da Humanidade, a Doença foi por muito tempo designada como "Um castigo de Deus" ao homem. O fato é que doente ninguém consegue viver plenamente, e sendo assim, para que o ser humano possa usufruir da vida em si, ele precisa acima de tudo estar livre da Doença, ou seja, possuir Saúde.




Realmente, não há como negar a inseparável relação entre Saúde e Doença. Porém, a Doença é algo "concretamente definido" pelo saber científico, possuindo um conceito delimitado e pragmático. Ninguém desconhece o que seja Doença, mas poucos de fato compreendem o conceito de Saúde. Por isso, aborda-se então  que "saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças" (OMS, 2000).


Logo, quando fala-se em Saúde é preciso olhar para um conceito muito mais amplo do que simplesmente a ausência de doença. Assim, a partir do momento em que compreende-se a Saúde como um estado de bem-estar do corpo, da mente e do meio social de cada pessoa, entende-se que ela vai muito além disso. A despeito do bem-estar de cada indivíduo é preciso voltar os olhares para a compreensão de uma Saúde Coletiva.

E Saúde Coletiva não se trata apenas de uma visão diferenciada da saúde pública, e sim um campo de saberes que compreende e pratica o conceito ampliado de Saúde. É preciso compreender que tudo aquilo que é inerente ao bem-estar físico, mental e social se faz de interesse ao campo da Saúde Coletiva, principalmente no que tange uma um bem-estar coletivo pautado na Saúde como um direito inerente a todxs.

E na nossa realidade? Como necessidade fundamental de sobrevivência da sociedade, a Saúde precisa ser garantida, e, para nós (brasileiros), ela é um direitos de todos e dever do Estado. No Brasil, o direito a Saúde foi definido a partir de Leis que instituíram um Sistema Único de Saúde que é guidado por diretrizes tal como Universalidade, Integralidade e Igualdade na Vigilância, na Atenção e no Cuidado à Saúde.

Com um mundo vasto de Riscos inerentes à Saúde é cada vez mais desafiador lidar com o adoecimento da população. As pessoas sempre ficarão doentes, mas até quando a nossa sociedade ficará adoenta? Quando pensamos no bem-estar geral, precisamos compreender que o essencial olhar para as coletividades, para os direitos sociais e para o simples bem geral da nação. E para isso a Saúde Coletiva precisa ser um Projeto de País!


Um Plano para além da Comunicação em Saúde...

Percorrido um caminho até aqui, chegamos às vias de fato que é o tal Plano de Comunicação e Educação em Saúde... E ainda bem que a Educação...